Cirurgião do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen tira as principais dúvidas sobre a doença
Neste sábado, dia 27 de julho, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. Uma data que reforça a importância do diagnóstico precoce da doença. A campanha Julho Verde já vem abordando o tema durante as últimas semanas no país inteiro.
A região da cabeça e do pescoço engloba diversos órgãos, como boca, olho, língua, lábios e nariz. Esse tipo de câncer é o quinto mais incidente no Brasil, tanto em homens quanto em mulheres, causando cerca de 10 mil mortes ao ano. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 39.550 novos casos da doença anualmente. Saber identificar os sinais e sintomas é essencial para o diagnóstico precoce, que vai interferir diretamente nas chances de cura.
Os principais fatores de risco incluem o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, o histórico familiar de câncer de tireoide, entre outros. “Aproximadamente 10% da população brasileira é fumante e temos um agravante importante: o cigarro eletrônico, que deve aumentar a incidência de câncer de boca e garganta. Ainda não sabemos qual vai ser o impacto futuro desses dispositivos, que inclusive são proibidos no Brasil, mas tem uma aceitabilidade muito grande, principalmente para a população mais jovem. Os dispositivos eletrônicos vieram para tirar o cigarro tradicional da vitrine, mas trazem problemas tão grandes, ou até maiores, do que eles”, alerta o médico Gustavo Nunes Bento, Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen.
Sintomas e diagnóstico
Apesar de ser silencioso em alguns casos, há sintomas que podem indicar a presença desse tipo de câncer, como o surgimento de feridas que demoram para cicatrizar. “Pacientes que têm feridas na boca, que estão com dificuldades ou com dor para engolir, que notaram caroços no pescoço, principalmente associados a dor, precisam estar atentos”, destaca o médico.
Outro fator importante é que alguns tumores de garganta estão associados à infecção pelo vírus HPV, o mesmo que causa o câncer de colo de útero. “Estamos vacinando as nossas crianças, mas a população adulta atual ainda não está completamente vacinada e isso faz com que aumentem as chances do aparecimento de tumores de garganta associados à infecção pelo vírus”, explica Dr. Gustavo.
O diagnóstico da doença é feito por meio de avaliação clínica da cavidade oral, além de exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia. A confirmação da doença se dá pela biópsia.
Tratamento
Tradicionalmente, o tratamento de tumores de cabeça e pescoço inicia por intervenção cirúrgica, que quando feita na fase inicial, traz poucas sequelas e taxas altas de cura. Quando os tumores passam a ser maiores e mais agressivos, são associados protocolos de radioterapia e quimioterapia.
Prevenção
Não fumar, diminuir ao máximo ou evitar o consumo de álcool, ter uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos continuam sendo a melhor forma de prevenção contra esse tipo de câncer. Além disso, é importante prestar atenção em você mesmo e assim que perceber qualquer sintoma, a orientação é procurar atendimento médico o mais rápido possível, pois o diagnóstico precoce faz toda a diferença na cura do câncer.